Opiniões sinceras sobre o exercício kettlebell swing.
- Prof MS Claudio Novelli
- 16 de mar. de 2019
- 10 min de leitura
Atualizado: 1 de out. de 2020
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Aaaaaah, o Kettlebell Swing!
Que coisa complicada, não é?
Não, não é. Fazer o kettlebell swing é bem mais simples do que parece.
Ego, tentar copiar ao invés de entender, pensar que tudo na vida de treinamento físico é feito para hipertrofia muscular... isso sim é complicado!
"Swing", do inglês = Pêndulo ou balanço (substantivos); pendular ou balançar (verbos).
E não, engraçadinhos de plantão... não estamos falando aqui ou fazendo qualquer referência à prática sexual de mesmo nome.
Vamos excluir swing de pernas, swing de cabeça ou de qualquer outra parte do corpo que não seja os braços.
A coisa mais natural que fazemos ao andar é "swingar" os braços. Balançá-los ao lado do corpo. Daí já parte minha frase de que fazer swing é fácil.
Fica difícil quando alguém começa a vomitar regras... "tem que fazer expirando o ar com força", "tem que contrair coxa, abdômen, dorsais e glúteos, em zigue-zague", "tem que fazer cara feia", "tem que trazer o kettlebell até a linha do ombro"...
O "kettlebell swing" é conhecido como um dos exercícios fundamentais do "kettlebell fitness" ou "kettlebell hardstyle". Mas é só um gesto de transição entre um e outro levantamento no "kettlebell sport".
Podemos inferir só de pensar no assunto (e sentir no corpo se praticarmos ambas as formas, "hard" e "esportiva") de que há uma diferença fundamental na execução de ambos:
1 - a orientação de como se deve fazer o swing.
2 - a eficiência mecânica envolvida em uma e noutra forma.
Daí fica simples de entender:
Tire a eficiência mecânica, a naturalidade do gesto, e ele deixa de ser uma tarefa simples, energeticamente econômica, cômoda e mecanicamente eficiente, para se tornar um exercício.
É só colocar a naturalidade de lado. Pronto. Ficou difícil. Ficou "hard".
Se o corpo humano é uns 70% água, e água é fluida... por que fazer tudo da forma mais dura possível?
Qual artista marcial se move com grande naturalidade, muita eficiência, muita potência, resolvendo tudo, e por muito tempo?
Steven Seagal, Ip Man, Monges Shaolin, Mestres de Tai Chi Chuan... todos eles fazendo gestos circulares, em espirais, em oito?
E quem bate reto, com uma cara mais quadrada? Não parece aula de fitness?
Pois é... acho que você está começando a entender.
Vamos nos olhar no espelho um pouco:
Nosso corpo realiza pendulações dos braços (swing de braços) na nossa mais primordial função locomotora: ANDAR.
O gesto de andar ( ou deambulação ) envolve uma tripla extensão alternada dos membros inferiores (tornozelo, joelho e quadril).
No salto, outro gesto locomotor humano, essa tripla extensão nos leva a pensar em simetria e simultaneidade. Um pé ao lado do outro, as duas pernas fazendo força contra o chão ao mesmo tempo para gerar o salto.
Mas se pensarmos no mesmo ato de saltar em qualquer situação de jogo (basquete, futebol, voleibol, lutas), os saltos ou saltitos serão em sua maioria assimétricos, com mais força em um membro do que em outro, e nem sempre executados bilateral ou simultaneamente.
É fato que o swing dos braços nos ajuda a "pegar embalo" (aumenta a potência) em um salto. Pensa na corrida, que nada mais é do que saltar alternada e seguidamente de uma perna para a outra.
Nesse gesto de correr, usamos a alternância das pendulações de braços e pernas o tempo todo. De forma curiosa, para aumentar a amplitude e tempo de pendulação das pernas, basta aumentar a pendulação dos braços, "jogando as mãos com mais força para a frente" na corrida.
Em português claro: quer dar uma passada maior, jogue os braços com mais força para a frente. É bem comum escutar em provas e treinos de corrida as expressões "fiz a subida no braço" ou "terminei a corrida no braço".
E isso é muito louco, mas verdade: o pêndulo dos braços transmite movimento para as pernas, de cima para baixo.
Ou seja: há algo nessa pendulação dos braços e das pernas que permite ao ser humano maior eficiência na sua locomoção, seja saltando, andando ou correndo.
Daí vem o gesto kettlebell swing, que nada mais é do que pendular os braços segurando um peso na mão (kettlebell, no nosso caso), e diz o ser humano que esse gesto pode ser usado como exercício para aumentar força, potência, resistência cardiovascular, coordenação, estabilidade etc etc etc.
Mas pera lá!
Se o kettlebell swing é realmente isso tudo, ele seria suficiente para formar qualquer campeão mundial de qualquer esporte, não é?
Que fique claro: não acredito nisso.
E não bastasse assumir um monte de potencialidades sem lá muito questionamento digno, muita gente que vive de vender cursos de kettlebell ainda resolve rotular o movimento mais ou menos assim:
Swing Russo, baseado numa pendulação do kettlebell até a linha do quadril.
Swing Hardstyle, kettlebell sobe até a linha dos ombros.
Swing Americano, kettlebell sobe até o ponto mais alto acima da cabeça.
Agora vou jogar gasolina na fogueira, e dividir isso em outras variações:
Pode-se pendular um peso em uma das mãos
Pode-se pendular um peso nas duas mãos
Pode -se pendular um peso em cada uma das mãos (double swing).
Já começa a dúvida: qual desses padrões tem maior transferência para as tarefas locomotoras de salto, corrida e caminhada, se é que há alguma transferência?
Escutam-se das mais variadas justificativas para cada um ser feito como é apresentado, e as relações fisiológicas e biomecânicas mais fumacentas que podem existir.
Digo "fumacentas" porque é cada ABSURDO que escuto, totalmente sem pé nem cabeça, que dá vontade até de chorar por vergonha alheia.
A cena que me inflige vergonha alheia costuma ter uma linha mestra muito parecida:
1 - Um professor ou professora com um corpinho bacana ensinando o gesto como se fosse a última bolacha do pacote, quase gritando pra te convencer disso.
2 - Diz que é um gesto de altíssimo trabalho de potência, com dominância de quadril, que deve exigir simetria perfeita na execução e mais um monte de detalhes.
3 - Atesta sem qualquer teste que o kettlebell swing demanda um padrão respiratório X, Y ou Z. Por quê? Porque sim. Vão justificar ao invés de pedir para você experimentar qual fica melhor para você.
4 - Jura que tem que ser feito dentro de um pacote de regras fechadas numa técnica AB que é infinitamente melhor, única e fodasticamente melhor do qualquer outra... e esse indivíduo "gestor da informação" quase sempre fala com um ar de superioridade e arrogância, severo, sério, austero, e de cara fechada.
5 - Tudo o que for questionado será justificado em termos embolados e lógicas complicadas que nos fazem ficar com cara de burro. Mas não é porque não conseguimos entender. O próprio professor não entende, mas que se manter a fama de mau.
6 - Sem nunca saber explicar com simplicidade o porquê das coisas, porque muitas vezes não sabe mesmo, defeca um bolo de inutilidades, e ficamos tentando entender o que acontece, e pensamos: "eu devo ser muito burro, não entendi nada"... relaxa... o professor que é ruim prá caramba mesmo.
Ah, na boa... tô com o saco cheio de gente que banca o intelectualóide só prá se dizer mais do que os outros. Prá se mostrar superior e valorizar o passe.
Professor bom mesmo não é aquele que fica vomitando informação e te dá a sensação de que você é meio burro e precisa estudar muito pra chegar no nível dele.
Professor bom, mas bom, bom mesmo, bom de verdade, é quem consegue explicar qualquer coisa pra qualquer um de forma tão simples que até os Deuses desçam do Olimpo para ser seus alunos.
Veja algumas conversas no Grupo de Whatsapp da KGB Kettlebell Girevoy Brasil - sobre um vídeo onde uma professora de São Paulo explicava algo sobre o kettlebell swing usando termos chulos e palavrões infindáveis. Até eu que sou desbocado senti vergonha alheia.
Prof Claudio Novelli (eu):
- biomecanicamente não faz sentido...
"tem que ser pesado porque leve desestabiliza e não gera potência"...
Se...
P=F.d onde:
P é potência
F=FORÇA, que é produto da massa x aceleração
e sendo Aceleração = variação de velocidade
basta aumentar a massa (o que todo mundo faz, carcar peso no movimento) ou aumentar a variação de velocidade do gesto, ou a amplitude do gesto para ter aumento de potência.
O que um peso leve pode desestabilizar? Não tenho a mínima ideia.
- biomecânica e cinesiologicamente errado na interpretação:
"tem que subir o kettlebell até a linha do ombro, para ficar igual à posição de prancha estática no chão"...
Bom, de novo nada a ver uma coisa com a outra...
O gesto balístico kettlebell swing é caracterizado pela sua inércia, momentum, além de direção vetorial tangencial à trajetória.
O que tem a ver um gesto balístico, realizado na vertical, em cadeia aberta de membros superiores, com uma posição de prancha estática no solo, em cadeia fechada?
Nem em direção de forças, nem em acionamento de cadeias musculares... tanto pela direção e sentido da força gravitacional quanto da força de reação do solo, quanto dos vetores criados pelo Swing "horizontal" apresentado... nada tem a ver uma coisa com a outra
Tudo desconexo... minha opinião técnica / física / biomecânica. Não faz sentido algum, não há absolutamente qualquer lógica em dizer que um swing tem que ser executado levando o kettlebell até a linha do ombro para ficar igual a uma prancha.
Outra coisa... se o gesto do kettlebell swing parte da tripla extensão quadril / joelhos / ombros, o que isso tem a ver com uma prancha, que tem como um dos principais pontos de acionamento os ombros?
O que tem a ver um kettlebell swing, que aciona muito as cadeias musculares posteriores do corpo, com uma prancha, que aciona todas as cadeias anteriores?
São gestos e posições totalmente diferentes! E usam um para justificar o outro? Cadê qualquer lógica nisso!?
- Em termos da comunicação insultante / vulgar que vimos...
Eu jamais ensinaria (ainda mais cliente final) usando tanto palavrão e termos chucros...
e olha que isso sou eu quem falo, um cara beeem boca suja;
- preservação da saúde : "tem que bater na bunda"... Oi!??
Se está "batendo" em qualquer lugar do corpo, isso vai dar B.O. mais cedo ou mais tarde.
De onde vem essa ideia? Apanhar do peso para ficar bem?
Que doideira...
- fisiologicamente zero de fundamento...
"vai doer mesmo se bem executado"...
O que aconteceu com ajustar Volume Total de treino?
E ainda tem vários comentários. .. "didática excelente".
Pelo amor de Deus!!
Prof Guanis de Barros Vilela Júnior:
Pois é, isso eu aprendi no maternal... O swing é um movimento balístico.
É claro que o impacto dele é mínimo no desenvolvimento de força, de potência articular etc etc. A força da gravidade está ajudando, está tudo no embalo.
Qualquer caminhoneiro sabe disso. Se chama "descer na banguela". E sobe um pedaço na banguela também.
Tudo no swing é transformação de energia potencial gravitacional em cinética, e vice-versa.
Prof Izack Martins:
O Swing funciona, mas tem estudo que avalia até como utilizar o Swing. Se usa o Swing no estilo do hard, do Girevoy e por aí vai...
Essa discussão sobre Swing é a mesma sobre o Barbell Cycling e o LPO.
O equipamento é o mesmo...mas a técnica ou a execução é totalmente diferente, com aplicações totalmente diferentes
Prof Lindolfo Neto:
Na minha opinião são coisas diferentes que se complementam.
Devemos difundir a ferramenta através de metodologias concisas e eficientes, eu não vejo o hardstyle nem o método do Cotter dessa forma.
Então eu procuro difundir a ferramenta através da metodologia esportiva, que assim como o LPO, além de um esporte, pode ser um excelente método de preparação física e condicionamento.
Nada vai me convencer que para indivíduos o mínimo treinados que seja ele (o kettlebell swing) faz alguma diferença frente a outras possibilidades (mesmo com os próprios kettlebells)...
Para atletas então, o swing e nada é igual.
PRIMEIRO AS PESSOAS TEM QUE ENTENDER: SWING NÃO É UM EXERCÍCIO.
Swing é apenas um movimento de transição...mais uma vez a bosta do hardstyle criou uma merda.
Ninguém treinado vai ter ganhos bons de potencia com swing. Quer isso, vai fazer LPO.
Eu acho ok inserir exercícios de grind na metodologia da cada um (agachamento, deadlift, press), mas com os princípios do treinamento de força convencional. Eu acho que isso não pode ser referenciado ao hardstyle, porque não é uma invenção do Pavel (Tsatsouline).
Prof Alberto Sarly Coutinho "Montanha":
Por isso que tudo que não envolve o GS eu trato como KB Fitness.
Dessa forma eu crio um espaço para trabalhar "movimentos" sem necessariamente focar nos estilos desenvolvidos.
Faço sempre questão de apresentar a ferramenta sem adicionar rótulos quando falo do fitness. Eu nem gosto de falar em hard, fluid e flow, pra falar a verdade.
Mas fica uma dúvida (obviamente respeitando a didática, que é uma coisa pessoal de quem ensina)... o importante é massificar o kb como ferramenta para promoção da saúde ou o GS como um esporte pop?
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Bom, para fechar esse post longo, resumo meu pensamento assim:
Há algumas formas de entender o Kettlebell Swing:
1 - Exercício básico para pessoas com baixo condicionamento físico (força, resistência).
Quer tornar mais pesado, aumente a carga, a amplitude, ou peça para a pessoa fazer força em grupos musculares que não são necessários para um gesto natural.
Ou seja, faça força de propósito aonde não há torque que justifique.
Seu cérebro tem cerca de 100 bilhões de neurônicos, dois terços dos quais, cerca de 67 bilhões, são dedicados ao movimento, e somente ao movimento. Se fosse para "acionar" ou "ativar" alguma coisa a mais, seu corpo faria isso sem você perceber.
Ou você pensa em cada músculo que precisa ser ativado na sua caminhada?
Para transformar algo natural em algo penoso, em um exercício, tire a naturalidade dele.
Sabe quando o médico fala assim: "barriga prá dentro, peito prá frente, olhar no horizonte, ombros prá trás... agora anda!"... porra! você vai parecer um robô! Claro que vai cansar! Não é natural!
Ou seja... hard, duro mesmo, é fugir da naturalidade. Negar ao corpo sua fluidez.
Se isso é certo ou errado, não estou julgando. Estou constatando. Apenas minha opinião.
2 - Exercício reabilitatório para pessoas com desabilidades locomotoras (caminhada).
Para quem lida com reabilitação, o kettlebell swing pode ser uma boa forma de promover a retomada do controle do deslocamento do centro de massa, o que é analisado cientificamente com os pés no chão, e chamado de COP (Center Of Pressure).
COP é a coordenada cartesiana da média da pressão exercida pelas áreas de contato dos dois pés no chão.
Controlar o COP nada mais é do que "treinar equilíbrio". Acionar as musculaturas contra-inclinatórias para manter-se em pé.
Simples de entender:
- Se eu lanço um peso com velocidade para a frente, algo me segura atrás para eu não cair de boca no chão (cadeias musculares posteriores).
- Se eu me desloco para um lado, algo me segura do outro para me frear e impedir que eu continue indo para lá eternamente.
- Se eu giro no sentido horário, algo me faz voltar ao centro através de forças contrárias, anti-horárias.
E tudo isso vice-versa.
Ou seja, o corpo trabalha sempre com mecanismos de aceleração-desacelaração, alongamento-encurtamento, load-explode.
Isso porque somos eficientemente construídos com molas e elásticos (cartilagens, músculos, tendões, ligamentos, cápsulas articulares, pele, gordura), que são ligadas a alguns poucos tecidos estruturais duros (ossos).
Ou seja, para fins corretivos, reabilitatórios, fisioterápicos, acho válido usar o kettlebell swing.
3 - Transição entre levantamentos no kettlebell sport.
O kettlebell swing é considerado apenas um gesto de transição no kettlebell sport.
Pode ser feito um único back swing quando:
1 - Tira-se o peso (ou pesos) do chão no início, na largada de uma prova
2 - Quando é feita a troca de mão em provas unilaterais.
O kettlebell swing, mantendo sua naturalidade - nada mais é do que pendular os braços, coisas que fazemos ao caminhar - é tão mecanicamente eficiente que é considerado DESCANSO em competições de kettlebell.
Quem faz dois seguidos é sumariamente desclassificado.
Particularmente, uso apenas como início de aquecimento em meus treinos, e eventualmente para treinar grip endurance ao final de treinos, nada mais.
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Bom... há muito o que ser estudado a respeito do tema.
Particularmente, ainda acredito que estudar só o swing como exercício é muito reducionismo.
Imagino que um equivalente seria estudar somente tirar a barra do supino do apoio e voltar a apoiá-la, sem descer ao peito.
Enfim, nem um kettlebell swing nem tirar a barra e voltá-la ao apoio são, em si, levantamentos de peso per se.
Mas... Podem ter seu valor e função, dependendo do indivíduo e situação a que se destinam.
Prof Claudio Novelli.
CREF 35.946-G/SP
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